De vez em quando vou ter que escrever, para conseguir visualizar a informação e assim poder trabalhá-la melhor.
Alguns fatos do meu passado eu teimo em esquecer, porque me doem mais do que eu gostaria e do que sei lidar, mas descobri que são eles que justificam muitos dos meus atos, mesmo eu tentando negá-los.
Hoje acordei pensando na minha mãe...
Vejo todo meu esforço físico, mental e emocional para ser uma boa mãe, presente, paciente, compreensiva, carinhosa, e fico chateada por ver que a minha mãe não fez qualquer esforço para ser uma mãe de verdade. Ela foi lá, me pariu e pronto.
Talvez ela achasse que passar 12 horas por dia fora de casa, evitando ao máximo ter notícias minhas ou acompanhar o meu crescimento (e com ele os problemas normais que toda criança tem), poderiam ser compensados com muitos brinquedos, colégios integrais e babás.
Mas não, não foi suficiente.
Acabei me tornando uma adolescente sem vínculos, o que ocasionou a minha saída de casa aos 16 anos, e as minhas referências foram sendo adquiridas pela observação da vida dos outros, aleatoriamente, sem muito filtro, sem um caminho reto, e foi assim que eu me tornei o que sou hoje: um espelho das experiências de vida das outras pessoas.
Hoje em dia eu tento descobrir algo em mim que seja meu, que não seja apenas um reflexo alheio, talvez lá no fundo exista uma mocinha diferente de tudo o que eu sou, mas pelo visto ela vai demorar ainda a aparecer.
Por hora, vou tentando me manter no caminho do bem, fazendo o que é o certo, tendo meu filho como prioridade absoluta (mas agora cismei que quero arrumar um namorado bacana!) e quem sabe assim, ao ver no futuro que criei um ser humano correto, bom e digno, as minhas frustrações diminuam e eu consiga finalmente, achar o meu lugar.
