Você fica, o meu coração já decidiu.
Não experimente tirar a sua
concentração de cima de mim. Nem pense em se afastar, quando se apaixona
ou se lambuza em outra pele. Não adianta.
Você é fraco demais pra esquecer nossa dança ébria. Você tem muito
buraco negro, nessa sua vida, me sugando. Você precisa do meu tesão em
contagem regressiva. Em sussurros.
Você fica.
Tire as desculpas da garrafa e permaneça em mim. Você não resiste a
uma boa expectativa de que um dia a gente possa ser. Qualquer coisa.
Mesmo que, hoje, a gente só seja aquele par que se tranca em um banheiro
nojento de padaria, enquanto tá todo mundo lá no fundo jogando sinuca.
Eu grito que ainda. Eu ainda. Depois de tanto tempo, tanto combate,
tanta ferida, marca roxa no peito, eu ainda. E preciso berrar, de vez em
quando, o meu vício por toda mancha que se intromete na sua palidez.
Porque fracasso a cada porre pra te esquecer, a cada boca estranha em
que gozo, papo estranho, copo estranho. Até a sua ressaca é nossa. Em
você qualquer tropeço faz sentido. Por isso, fica.
A gente se pausa e traz todos os silêncios que a gente já está
acostumado. Pense em um recesso. A gente tira férias. E quando volta. A
gente morre quando volta. Porque volta. Felicidade é uma quase-morte.
Felicidade é quando a gente se derrete por uma noite, antes de mais uma
de nossas pausas indecifráveis. E a gente aguarda. Guarda a nossa
vontade dentro de uma agenda suada. Porque logo você bate à porta com
cara de primeira vez.
E fica.
Pense que amor é isso, um inseto que sobrevive ao caos. Deve ser
isso. E o fascínio por como você hesita em me enlaçar com seus dedos e
sorri deixando tudo mais tenso. Você fica.
Minha obsessão já decidiu.
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